quinta-feira, 24 de maio de 2012

Pesquisa FGV- CNI: empregado custa à empresa até 2,8 vezes o salário

Quanto custa hoje manter, contratar ou desligar um funcionário e quais os fatores que mais influenciam esses custos? Estudo do Centro de Microeconomia Aplicada da Fundação Getulio Vargas (FGV-EESP), realizado a pedido da Confederação Nacional da Indústria (CNI), ajuda a responder a essas questões. O trabalho mostra que o custo do empregado pode representar 2,83 vezes o salário registrado em carteira – ou 183% mais que o salário bruto, no caso de um vínculo de emprego de 12 meses.
Ou seja: se um trabalhador ganha R$ 730 por mês em termos brutos, o custo para a empresa será de R$ 2.067,44. A pesquisa, que utilizou como parâmetro duas empresas do setor têxtil de São Paulo e Santa Catarina, revela ainda que o trabalhador da amostra recebe só 60% do valor total que é gasto com sua contratação.
E não só encargos sociais que aumentam esse montante, mas um conjunto de obrigações acessórias, benefícios negociados, burocracia e administração de pessoal. "Computamos um gasto enorme com administração de pessoal, que por ser tão complexa exige um investimento grande das empresas", disse o coautor do estudo da FGV Vladimir P. Ponczek.
Benefícios – De modo geral, o custo do empregado pode ser dividido em grupos, segundo o coordenador da pesquisa, André Portela. Além do salário, o trabalhador tem uma "valoração", que exclui a maioria dos encargos. Assim, o salário-base para a pesquisa, de R$ 730, pode chegar a R$ 1.158,12. "Isso porque o funcionário recebe benefícios, como 13º salário, adicional de férias, vale transporte e o próprio tempo de treinamento", afirmou.
Por último, há o custo de contratação, já que o novo empregado leva até três meses para atingir 100% de produtividade. "Tudo isso reflete diretamente nos gastos da empresa", acrescentou Portela.
Por outro lado, quanto mais o vínculo dura, mais esse custo diminui: o estudo verificou que, se a demissão ocorre após 60 meses, o gasto com o empregado representa 2,55 vezes o salário bruto (o equivalente a um aumento de 155%), ou R$ 1.858,89, principalmente por causa da diluição ao longo de tempo de custos como aviso prévio indenizado e treinamento.
A baixa produtividade média do trabalhador e a complexidade da legislação são "venenosos" para a competitividade, segundo Portela. "Mas a alta rotatividade – que implica recontratar e treinar novamente – tem um peso relevante nesse custo. Ou seja, quanto maior o vínculo, menor o seu custo", avaliou.
Trabalhadores ou empresas interessados em calcular os custos conforme o estudo da FGV podem acessar o sitewww.eesp.fgv.br/noticias/coletiva-de-imprensa-eespfgv-revela-o-custo-do-trabalhador-no-brasil .

Debate organizado – A diferença entre o custo total para a empresa e o valor do contrato de trabalho é o que foi definido pelo estudo como "custo da legislação trabalhista". O trabalho mostrou também que esse custo representa algo entre 17% e 48% do gasto total para uma empresa.



Nenhum comentário:

Postar um comentário